Um Poético Dia

Eu percebi esses dias que essa vida adulta cansa muito a gente de um jeito como se eu estivesse carregando um peso nas costas, e certamente dez matérias na grade, um tcc e o estágio também não contribuem em nada a não ser para meu conhecimento, pois minha saúde mental já se foi há tempos, então tirei essas últimas semanas para relaxar, pois estava ficando viciada em estudar e em pensar demais, e isso só colaborava para que eu ficasse bem estressada, na verdade, posso me comparar a essa cena do Howl se afundando em melancolia, que no caso foi tão aparente com a gosma verde.

Estava lendo postagens antigas que escrevi aqui no blog de quando estava no começo da faculdade, e é engraçado pois eu por vezes reclamava de leve, mas não imaginava que o último ano seria esse avalanche de responsabilidade e preocupações sobre meu futuro. 

Novamente eu digo, eu queria um pouco dessa minha inocência e até ingenuidade de volta, elas me ajudaram em tantos momentos, se eu tivesse um pouco mais delas, talvez eu estivesse mais otimista, o que não é o caso, estou desesperadinha mesmo, rs. Mas ainda que eu aparenta estar esses últimos tempos aqui no blog como um chá verde, amargo no final, ainda há doçura em mim, e esses dias várias coisas tem contribuído para isso, como manter uma rotina mais ou menos fixa - e digo mais ou menos pois não queremos pressão por aqui -, aproveitar bem meu tempo livre assistindo um sitcom - que é escasso *cry* -, me exercitar e comer de forma saudável, mas também me mimar e comer uma besteirinha ou outra de vez em quando pois ninguém é de ferro, e ler poemas antes de dormir...

Há toda uma harmonia em ler poemas antes de se deitar, parece que a noite e as estrelas combinam muito com versos e sentimentos, intercalando a eles também venho lendo livros sobre Astrofísica - por curiosidade no assunto mesmo - ambos me fazem ter uma noite de sono realmente repleta de bons sonhos. 

Pois bem, finalmente indo ao assunto dessa postagem - não, não era sobre essa minha crise dos vinte anos TuT - esses dias em minhas explorações como membro fiel do clube da Snow, meu querido Doukyusei, vi que ela havia me indicado (e aparentemente em ótima hora) em uma tag que ela mesma criou, e que consiste em selecionar versos de poemas para cada parte do dia, eu achei a ideia tão adorável assim como ela sempre se lembrar da sumida aqui também, heheh.

Regras:

• Selecione versos que considere adequados para os quatro períodos do dia (madrugada, manhã, tarde e noite);
• É valido usar versos de apenas um poema para todos os períodos, como também de mais de um para cada período;
• Qualquer tipo de poema (com rima, sem rima, haicai) é permitido, como também a língua na qual ele foi escrito;
• Não se esqueça de anexar o lugar de onde retirou o trecho do poema, como também a autoria de quem o escreveu (e de quem o traduziu, caso seja uma tradução);
• Caso queira, explique o motivo de tê-lo escolhido;
• E repasse para duas pessoas ou mais.

Madrugada

À meia noite de verão, mole como um fruto maduro,

A lua sem véus lançou a sua luz

Pela janela aberta do parlatório,

Através dos rosais onde o orvalho chovia.

Sentada e perseguindo o meu sonho de silêncio,

A doce mão do vento brincava em meus cabelos

E sua voz me contava as maravilhas do céu.

E a sua terra era loura e bela de sono.

— O Vento da Noite, de Emily Brontë

(fonte)

Manhã

Eu tenho uma fada ao meu lado

Que diz que eu não devo dormir,

Quando uma vez com dor eu chorei alto

Ela disse "Você não deve chorar"

Se, regozijo de alegria, e arreganho um sorriso,

Ela diz "Você não deve rir"

Quando uma vez Eu queria beber um pouco de gim

Dizia "Você não deve beber".

Quando uma vez uma refeição eu queria saborear

Disse "Você não deve morder"

Quando para as guerras eu fui com pressa

Ela disse "Você não deve lutar".

"O que posso fazer?" por fim, chorei,

Cansado da tarefa dolorosa.

A fada respondeu calmamente,

E disse: "Você não deve perguntar".

— My Fairy, de Lewis Carroll (que espero ter traduzido adequadamente)

(fonte)

Tarde

Abril é o mais cruel dos meses, germina

Lilases da terra morta, mistura

Memória e desejo, aviva

Agônicas raízes com a chuva da primavera.

O inverno nos agasalhava, envolvendo

A terra em neve deslembrada, nutrindo

Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.

— A Terra Desolada, de T.S.Eliot

(fonte)

Eu adoro esse poema ao passo que minhas tardes tem sido tão melancólicas quanto fragmentos dele, e bem, é abril, certo? Acredito que tenha sido uma coincidência muito boa eu ter lembrado desse poema justo agora.

Noite

Will there really be a morning?

Is there such a thing as day?

Could I see it from the mountains

If I were as tall as they?

Haverá realmente uma manhã?

Há realmente algo como o dia?

Poderei eu ver das montanhas

Se eu fosse tão alto quanto elas?

— Nature, Poem 2: Out of the Morning, de Emily Dickinson

(fonte)

Coloquei uma parte do poema no original em inglês pelo fato totalmente bobo que por algum motivo, em minha mente, li esse poema pela primeira vez com sotaque britânico, sendo que a Emily Dickinson é americana, mas em minha cabeça ele fica perfeito se lido com sotaque britânico, vai entender...

Por fim, eu estarei indicando a Bru do La Petite Souris, e a segunda pessoa ficarei devendo pois venho lendo muitos poucos blogs ultimamente ;n; então apenas fiquem à vontade se quiserem fazer essa tag da Snow também, eu especialmente adorei essa aventura que foi encontrar poemas que se encaixassem tão bem assim com meu dia!

Enfim, eu tão demoro a aparecer, e já vou deixando vocês com poemas que são sinceramente da minha coleção de favoritos, e eu espero que tenham gostado! Queria muito ser mais ativa por aqui como já fui um dia, venho pensado muito nisso, pois ultimamente tenho muito o que compartilhar...

Abraços,

Bia