“Enquanto isso, as árvores estavam tão verdes quanto antes; os pássaros cantavam e o sol brilhava tão claramente agora como sempre. O ambiente familiar não escureceu por causa de sua tristeza, nem adoeceu por causa de sua dor.Ela poderia ter visto que o que havia curvado sua cabeça tão profundamente - o pensamento da preocupação do mundo com sua situação - era encontrado em uma ilusão. Ela não era uma existência, uma experiência, uma paixão, uma estrutura de sensações, para ninguém além dela mesma.” ― Thomas Hardy, Tess of the D’Urbervilles
![Um dos belos e antigos becos escondidos pela Praça XV - RJ](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZnCH_eRVXUnZKY_WQuErqrRq6xN8G431t0Jx_sxb0AW99Hmf2yqa12sVMhM1zKmL2R0xTPPk-422j1gNMpXu_KmrVRcOLQgSgFHgrljv8S5s2ByS2YyH6dnjOHTkTJV1aUVixrzoRS8m8KGKQqemtoD-7rmRw1VBNxVMrvHCYPtbfd1c7ctfjGvyYkOvi/s16000/pra%C3%A7axv.jpg)
Ultimamente tenho sentido saudades de casa. Mas não da minha casa de agora, a dos meus pais. E eu nunca senti que poderia sentir isso de lá. Eu não cresci em um ambiente lá muito saudável para minha saúde mental, e ao longo dos anos, ainda mais a partir do período em que comecei a faculdade em 2017, as coisas mudaram quase drasticamente, e se acalmaram um pouco também, meu irmão, que era o centro das atenções da casa, por estar quase sempre aprontando algo, se mudou, e meus pais começaram a perceber minha silenciosa presença rondando a casa, eu limpava, cozinhava praticamente todos os dias para mim mesma, e quando eles chegavam no final da tarde, um bolo ou uma fornada de cupcakes estava na geladeira recém comidos.
Na maioria das noites, sentava na sala para assistir um filme selecionado cuidadosamente por mim, enquanto comia pipoca com coca zero, e uma vez ou outra, devorava uma barra de chocolate meio amargo como sobremesa, comia como um boi quase sempre sem culpa, pois com mais tempo livre, me exercitava por diversão e com bastante disciplina, e adorava que me dissessem como estava "maromba", eu adorava ser musculosa (rs), fazia-me sentir forte interiormente, sentia-me tão confiante, amava a pessoa que era, amava as coisas que amava, amava meus dias calmos e solitários.
Após o filme, ia para meu antigo quarto ler, lia até a hora de dormir, era meu momento favorito, aquele pelo qual sabia exatamente o sentido da minha existência, que era nada menos que estar ali presente; calma, serena e feliz. Meu quarto era um refúgio que fazia eu me sentir segura, hoje ele já não é mais o mesmo, alguns móveis me desfiz para a mudança de SP, outros guardei comigo e estão na minha casa atual, onde tento fazer com que seja um refúgio confortável e acolhedor, tal como era meu antigo quarto na casa dos meus pais. Venho chegando a conclusão que posso gostar de lugares menores, por causa de lembranças que me surgem dos mesmos de forma nostálgica, de lugares pequenos e acolheres em que vivi ou passei bastante tempo.
Péssimo momento para saber disso, pois meu apartamento é maior que a casa dos meus pais que já é enorme com seus três quartos e dois banheiros, e bem, de qualquer forma, eu vou continuar tentando fazer daqui um lugar acolhedor. Adoro aqui. Mas sinto falta de casa como nunca, e falando mais seriamente, sinto falta dos meus músculos...
Abraços,
Bia