Um pequeno conto sobre uma fada com saudades de casa

15 julho, 2024

“Enquanto isso, as árvores estavam tão verdes quanto antes; os pássaros cantavam e o sol brilhava tão claramente agora como sempre. O ambiente familiar não escureceu por causa de sua tristeza, nem adoeceu por causa de sua dor. 
Ela poderia ter visto que o que havia curvado sua cabeça tão profundamente - o pensamento da preocupação do mundo com sua situação - era encontrado em uma ilusão. Ela não era uma existência, uma experiência, uma paixão, uma estrutura de sensações, para ninguém além dela mesma.” ― Thomas Hardy, Tess of the D’Urbervilles

Ultimamente tenho sentido saudades de casa. Mas não da minha casa de agora, a dos meus pais. E eu nunca senti que poderia sentir isso de lá. Eu não cresci em um ambiente lá muito saudável para minha saúde mental, e ao longo dos anos, ainda mais a partir do período em que comecei a faculdade em 2017, as coisas mudaram quase drasticamente, e se acalmaram um pouco também, meu irmão, que era o centro das atenções da casa, por estar quase sempre aprontando algo, se mudou, e meus pais começaram a perceber minha silenciosa presença rondando a casa, eu limpava, cozinhava praticamente todos os dias para mim mesma, e quando eles chegavam no final da tarde, um bolo ou uma fornada de cupcakes estava na geladeira recém comidos.

Na maioria das noites, sentava na sala para assistir um filme selecionado cuidadosamente por mim, enquanto comia pipoca com coca zero, e uma vez ou outra, devorava uma barra de chocolate meio amargo como sobremesa, comia como um boi quase sempre sem culpa, pois com mais tempo livre, me exercitava por diversão e com bastante disciplina, e adorava que me dissessem como estava "maromba", eu adorava ser musculosa (rs), fazia-me sentir forte interiormente, sentia-me tão confiante, amava a pessoa que era, amava as coisas que amava, amava meus dias calmos e solitários.

Após o filme, ia para meu antigo quarto ler, lia até a hora de dormir, era meu momento favorito, aquele pelo qual sabia exatamente o sentido da minha existência, que era nada menos que estar ali presente; calma, serena e feliz. Meu quarto era um refúgio que fazia eu me sentir segura, hoje ele já não é mais o mesmo, alguns móveis me desfiz para a mudança de SP, outros guardei comigo e estão na minha casa atual, onde tento fazer com que seja um refúgio confortável e acolhedor, tal como era meu antigo quarto na casa dos meus pais. Venho chegando a conclusão que posso gostar de lugares menores, por causa de lembranças que me surgem dos mesmos de forma nostálgica, de lugares pequenos e acolheres em que vivi ou passei bastante tempo. 

Péssimo momento para saber disso, pois meu apartamento é maior que a casa dos meus pais que já é enorme com seus três quartos e dois banheiros, e bem, de qualquer forma, eu vou continuar tentando fazer daqui um lugar acolhedor. Adoro aqui. Mas sinto falta de casa como nunca, e falando mais seriamente, sinto falta dos meus músculos...

Abraços,
Bia

Desculpe, só compareço à festas de chá

30 junho, 2024

Tenho uma festa de aniversário de 86 anos para ir hoje e minha animação é inexistente para eu dar o ar da minha presença, não só porque não quero nem pensar em socializar com ninguém, mas porque choveu à noite e de repente está aquele clima invernal bem reconfortante, com ventos aqui e ali, vindos principalmente da varanda. Nossa casa é antiga, e ao furarmos a parede do quarto para colocar a cortina nova semana passada, percebemos que ela era de concreto, e agora está explicado o porquê de nem o calor mais ardente conseguir penetrar aqui dentro, em vista disso, o frio vem daquele jeito, bem congelante... Porém, se tratando do Rio, prevejo que os dias da semana serão ensolarados, porém nem tanto, e as noites friorentas, e o inverno por aqui não é tão aparente quanto o outono, que nos presenteou com pores do sol rosas, lilases e alaranjados.

A questão toda é que não quero ir à festa, está um clima perfeito para ficar em casa lendo um livro, jogando the sims 4 e assando tortas e bolos, porém estou dividida pois minha mãe organizou parte da festa, ao mesmo tempo, sábado (ontem) passamos meta de dia juntas, e eu quero descansar... sim, eu quero muito descansar, e eu sei que nem trabalho na segunda também, mas meu trabalho me suga demais, e acho que mereço descansar, mas também é somente essa semana a festa, é só esse domingo, no final da tarde, mesmo assim, não parece motivo suficiente, nem um pouco, pois estou extremamente cansada física e mentalmente, ainda estou no processo de ficar tentando conciliar as coisas que gosto de fazer, mas está difícil, mas as vezes consigo, e é muito bom, porém queria que o processo se tornasse linear logo, justamente como era antes.

Gosto de fingir que moro no campo e que sou uma fada. Dessa maneira, parece que o peso do mundo se torna menor, é o melhor fingimento de todos que conto à mim mesma, e que me faço acreditar, é um fingimento do bem.
Registro do café da manhã de hoje. Quis comer (de olho grande) esse donut que comprei na padaria do mercadinho ontem, meu estômago está em crise pela escolha que fiz. É um motivo suficiente para não ir à festa? 

Antes de ir, um último registro da gatinha que adotamos semana passada. O Miguel a encontrou na volta para casa, após me levar para o ponto de ônibus, debaixo de um carro assustada e toda sujinha. Colocamos o nome dela de Sukita e ela é uma vira-lata misturada com a raça angorá, seus olhos são de um laranja bem clarinho, ela já está bem gordinha e me lembra um bichinho de pelúcia quando a pego no colo para lhe dar vários beijinhos, Branco já a adotou como irmã mais nova e cuidou dela com muito carinho desde que ela chegou.

Até breve e feliz equinócio de inverno!
Abraços,
Bia

Dias de arabescos e rosas

26 maio, 2024

Finalmente mudei para um jardim - ou casa hahah - novo! Fiquei semanas tentada a vir aqui contar a novidade, porém queria ter certeza de que estava tudo certo mesmo. No meio do caminho apareceram diversos obstáculos que me causaram muito estresse, e como comentei aqui, meu trabalho já é um causador de estresse para mim no momento, então juntou os dois fatores e percebi o quanto estava me tornando uma pessoa carrancuda, confesso que ainda continuo meio amarga em certos momentos, mas estou sendo paciente para me tornar mais doce em vista do que venho passando.

E não tem sido lá muito fácil, mas não quero aparecer aqui apenas nos momentos em que tudo está dando certo, uma história não é só sobre isso, o que inspira felicidade nas pessoas é ver que dentre as dificuldades, a alegria apareceu depois que os infortúnios foram embora, e bem, os infortúnios estão quase indo embora, acredito eu.

A casa nova é uma coisa reconfortante, posso afirmar, e como imaginava, acabei escolhendo um casinha antiga, ela é reformada, porém alguns vestígios me dizem que ela é dos anos 1970 por aí, tem molduras de gesso com arabescos de rosas, inclusive nos lustres, o que foi o fator decisivo para mim, obviamente, rs.
E meu quarto é torto. Sim! Trocamos a cama de lugar pois meu TOC estava gritando de nervoso, eu até mesmo acho charmoso esse detalhe nela. Ontem terminamos de decorar o quarto, comprei alguns móveis novos também pois aqui é um pouco grande demais e isso acaba que meus móveis parecem pequenos aqui e que há espaços vazios para eu preencher com sei lá que ainda, sinceramente. Ontem também colocamos papel de parede de arabescos azul tiffany (eu amo arasbescos como pode-se perceber) no banheiro, ele tem uma textura e um brilho dourado bem leve nos detalhes, e também pus uma cortina de renda lá, ficou uma graça! 

No quarto acabou ficando tudo um pouco rosa demais, mas fazer o que, por mais que tente outras cores, no final eu adoro rosa... e acima da cama há um prateleira - rosa - com minhas bonecas de porcelana, disse ao Miguel para não ficar com medo à noite caso ele perceba algo puxando o pé dele. E no final queria uma casa com um estilo cottagecore, mas ficou uma mistura disso com shabby chic, eu não desgosto nem um pouco pois acabou sendo estilos que adoro. 

Para finalizar, e cozinha é um lugar que me senti muito feliz cozinhando nela, é uma cozinha com detalhes antigos que a casa carrega que são adoráveis, e a área de serviço é tão grande que virou uma estufa perfeita para as minhas filhas plantas ficarem feliz com todo o espaço e luz solar! Estou satisfeita aqui como nunca estive nos outros lugares em que morei antes, e acho que isso já diz tudo. Uma felicidade grande em meio a pequenas infelicidade no caminho.
E sobre o capítulo a respeito do meu trabalho, não quero me estender muito sobre esse assunto por aqui, até para não tornar cansativo até mesmo para mim, pois é uma área em minha vida que quase todo dia me suga, porém, eu consegui fazer crescer alguns cogumelos nela, agora trabalho de terça à sexta apenas, possuo durante a semana algumas vezes atividades externas - são seminários e eventos que devo comparecer devido a meu cargo - e como adoro aprender coisas novas, me vejo dando alguns suspiros de ar fresco por sair do ambiente branco e hospitalar de sempre por causa disso. 

E não sei ainda se vou me ver gostando disso, porém irei palestrar uma capacitação durante todo o mês que vem e ainda não sei como me sinto sobre isso, meu Deus, não me vejo nem um pouco palestrando para pessoas! Não estou tão nervosa por saber sobre o assunto da capacitação, acho que esse é meu único consolo, não tem como me sair mal por isso, certo?

Enfim, essa postagem é apenas para dizer um pouco sobre como anda meus dias, sobre como tudo vai se ajeitando como sempre, mas vocês devem dar tudo de si, serem gentis e sinceros quando necessário, pois eu não conseguiria fazer surgir cogumelos em meus dias no trabalho se não fosse sincera com minha chefe sobre como me sinto, felizmente ela é uma das pessoas que me vejo desabafando e ela faz o mesmo comigo e isso facilita um pouquinho as coisas, encontramos gentileza e bondade onde menos imaginamos, e em meio ao caos, então aprendi a ser mais gentil comigo mesma, a me cobrar menos sobre descobrir o que realmente quero profissionalmente, dediquei muito tempo relendo livros que amo como O Jardim Secreto, e isso tudo fez com que visse que, vai ficar tudo bem.

Nos vemos em breve 
Abraços,
Bia 
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